A Islândia que levamos dentro. Uma leitura dos Cadernos da Islândia de Paulo Ricardo Moreira
Nunca estive na Islândia. Para mim, evoca apenas uma silhueta recortada no norte do Atlântico, quase fora de foco no mapa que habitualmente contemplo. Talvez seja por isso, por nunca ter lá estado, que o seu nome me convida a brincar: a terra isolada, a iso-lândia . Quando caiu nas minhas mãos o último livro do poeta português Paulo Ricardo Moreira, assim que li o título, Cadernos da Islândia , pensei que se tratava de mais um livro de viagens. Se não fosse que tive a fortuna de conhecer o autor antes de ler a obra, até poderia ser que nunca a tivesse lido. Habituo a acautelar-me contra a ideia de viagem. Decidi fazer assim. É complicado explicar as causas desta desconfiança numa época de barulho como a que vivemos. Nunca as viagens foram tantas, tão banais: o perfil de turista toma posse de nós e percorremos o planeta às pressas a nos fotografar diante de um monumento ou numa paisagem idílica só para estremecer as amizades, sem reconhecermos a imensa solidão que a viagem exige. Pi